|In|Temporal
Novembro 01, 2007
Espero-te. No ponto mais alto do mundo, onde tudo pode mudar em apenas um segundo, entregue ao vento que sopra veloz e que rodopia, me enrola e se ri de nós. Espero-te, de cabelo ao vento, de olhos fechados e corpo sedento. Espero-te em jogos de brisa, em corridas desabridas, em tropelias sem intento. Espero-te amor. No último degrau do mais alto cume, espero-te quando a noite já se perfila e o dia ainda se ilude, espero-te assim. Apenas eu, nas voltas do vento. Apenas espaço para mais um. TU.
Vejo-te chegar com esse sorriso, feito de promessas de sabes que consigo….de sei que te desperto apenas com o olhar, vem, chega mais perto, não me faças esperar. Vejo-te chegar de mansinho, com brilhos e suspiros no olhar, o cabelo já em desalinho as mãos sem saber onde estar. Recebo-te com um beijo, bebo-te devagar. Saboreio a saudade de uma vida inteira, para te amar.
E quando o teu coração dispara e os nossos lábios não se querem deixar, escondo nos teus caracóis os meus dedos, deixo a alma suspirar. Os nossos corpos como íman, aproximam-se devagar e num impulso somos um e o mundo a girar… A roupa leva-a o vento que continua a soprar, rival dos teus dedos que deixas deslizar, como se em cada ponta houvesse um segredo e tanta pressa de o contar.
Desenhas arabescos molhados em cada saliência, marcas o território do meu corpo com linhas de amar, entregas-me à carícia do vento, sem hesitar…
Percorro o teu corpo lentamente, nunca deixando de te olhar, marco-te com riscos de fogo e sinto o teu corpo vibrar. Peço-te que feches os olhos, que sintas o vento, te deixes levar, vou descobrindo recantos, beijando segredos, sem nunca parar, faço do teu corpo um desenho pintado a desejo e a luz de luar…
Faço do meu corpo pincel, tintas e cores para te criar, das minhas mãos sombras e contornos, dos teus olhos luxúria, da tua boca arfar. Faço das tuas mãos caracóis onde se enredam cabelos a esvoaçar Faço do teu grito manifesto, de cada carícia e pequeno gesto, faço de ti meu amante, em fraga periclitante, faço de ti meu objecto, de prazer incofesso, esta noite ao luar.
E mergulho contigo, neste abismo infinito de receber e de dar…