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Lazy Cat

No meu cérebro vive um caos sinfónico de ideias desordenadas. Num harém simbólico, todas concorrem -APENAS- pelo teu olhar deslumbrado...

Lazy Cat

No meu cérebro vive um caos sinfónico de ideias desordenadas. Num harém simbólico, todas concorrem -APENAS- pelo teu olhar deslumbrado...

...unexpected life....

Julho 10, 2012

 

fechou o portão e respirou fundo. 

o ar cheira a morangos- pensou 

- que estranho. e que delicioso! 

desceu a rua a sentir o cheiro a Verão.

café...humm....café ao sol, agora, cedo. 

riram e cantaram e despediram-se a brincar, ainda. 

- e agora? 

agora...tenho tempo...café! a ver o mar. 

a sentir o mar. escrever enquanto o dia amanhece

e a vida começa a sacudir-se e a espevitar...

e o vento vem quente e leve e traz aromas de 

férias e de saudades e....

só há uma mesa vazia....

 

e, ao mesmo tempo, duas cadeiras são arrastadas...

-oh! e olham os dois em volta à procura de um lugar que não há. 

- partilhamos? diz ele sorrindo

ela hesita, assim não consegue escrever....

- partilhamos! 

 

...e saíram os dois atrasados! :-)

 

 

 

 

esta música

 

 

 

 

...e o mar ali tão perto...

Maio 17, 2010

As janelas tornavam o dia mais frio e como que deixavam entrar o vento. Sentada ouvia os barulhos da rua. Tanto movimento, tantas mães, crianças, famílias! Carros, sirenes, comboios e até aviões.

(Como é que eu vim parar aqui?)

Luzes que se começavam a acender, nas outras janelas e nas ruas, faziam ainda mais triste e cinzenta a sua. Fechavam-se estores. Gente conversava na rua. No andar de cima arrastavam-se cadeiras, noutro lado qualquer eram banhos e correrias.

(Um dia sei de cor os horários de cada vizinho!)

A janela cinzenta e fria, o vento. Uma casa inteira. Vazia. Uma casa sem vida e sem marcas de vida, sem histórias e sem memória. Imagens, sim. Imagens, quadros, fotografias. Sem alma, sem cor, sem...

Olhava em volta sem saber realmente onde estava. Em que lugar, em que casa. Em que sofá, a olhar pela triste janela para a gente triste que se queixa e arrasta e de repente sentiu-se muito triste também, porque se estava a tornar como ela.

(lá no fundo sabia que nunca seria igual)

A rotina e despotismo das horas e dos dias, dos compromissos e dos “tens que” e dos “devias” também a obrigava a ser assim, trabalhadora duma colmeia onde tudo se destina unicamente a um só fim. Para cada uma delas, pessoas-abelhas, o mesmo. Chegar ao fim. Apenas. Ao fim do dia, da semana, do mês. De mais um ano. De uma vida. A entrar e a sair comandadas pelo relógio, em caixas de metal e vidro, dormir em paredes de papel. Amaldiçoar a chuva e o sol, as filas, as esperas, desdizer a vida e desfazê-la a cada desdita!

(e o mar ali tão perto!)

E a noite lentamente a cobrir os jardins sem flores, os pátios vazios, as janelas fechadas das gaiolas de cimento, iguais e diferentes, os telhados sujos, as paredes sem cor, as varandas vazias...

(e ela olha pela janela para tudo o que não vê)

E abre a porta, sem fazer muito barulho, e sai, assim, sem saber das horas nem das convenções deste estranho pedaço de mundo, de sapatos na mão, e aventura-se pelo escuro, pelo silêncio atravessado de vez em quando pelo som de uma televisão, única janela para outro mundo destas abelhas-trabalhadoras do betão, sai da colmeia e sente o vento, frio e furioso, ocupado a varrer papéis deixados no chão, num silvo constante e lamurioso de quem não tem como entrar ou sair, vagando entre as ruas desertas de gente.

(pelo menos sinto o frio, sinto o vento, sinto!)

Longe das gaiolas de janelas fechadas, das ruas desertas de almas, das luzes que iluminam espaços ocos e projectam sombras alongadas sobre os seus passos, enterra os pés na areia e caminha. Um pé pela areia seca outro na areia molhada e fria. E sorri.

(porque entre as estrelas e o mar está só, mas nunca sozinha)

Ao fim da noite

Fevereiro 23, 2008

Ao fim da noite desdobro-me, sou feiticeira e feitiço alado, sou vento que corre leve, no teu peito aconchegado. Ao fim da noite recomeço, com novas artes e magia, sou apenas um pássaro, breve cotovia. Ao fim da noite perco o rumo, deixo o tempo adormecer, sou um fantasma alado, que sabes reconhecer. Ao fim da noite sou piano, cujas notas ouves ao luar, sou melodia eterna, em berço de embalar. Ao fim da noite sou poema, em rimas de inventar, sou anátema em eterno desvendar. Ao fim da noite sou cigana, folhos e luzes de bailar, sou apenas uma sombra de velas a bruxulear. Ao fim da noite sou sereia, em mares de naufragar, sou corrida de estrelas em suspensão no ar. Ao fim da noite sou silêncio, verso e abraçar, ao fim da noite sou segredo, que não sabes encontrar.

 

Ao fim da noite na praia, sou maré em eterno vazar, sou concha vazia e dispersa entre grãos a vaguear. Ao fim da noite na água, sou alga a flutuar, presa ao destino incerto de uma onda a rebentar. Ao fim da noite da ilha, apenas vejo brilhar a candeia que manténs acesa, para te saber procurar. Ao fim da noite sou sacerdotisa do amor que comparte a tua vida, a destrói e suaviza e te faz sentir maior. Ao fim da noite nas trevas, sou borboleta a esvoaçar, queima as asas mas repete, crê que a luz a vai saciar. Ao fim da noite sou infinito espraiado no teu corpo, sou carícia, sou riso, sou gemido rouco. Ao fim da noite sou sonho, palavras de cheiro risonho, versos de recomeçar. Ao fim da noite sou ponte, passadiço por levantar, ao fim da noite sou praia, adormecida ao luar.   

   

    

    

     

     

     

 

 

 

 

 

 

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