Cansada
Agosto 07, 2009
Cansada. Cansada de um mundo real em que as virtualidades tomam forma e se expandem no entanto como seres virtuais com garras e presas e interferem como estática, que queima lentamente.
Cansada. Cansada dos silêncios interrompidos de histeria. Cansada dos silêncios mantidos por teimosia, que se alongam e se prolongam e tomam conta de todas as noites e de todos os dias inexoravelmente.
Cansada. Cansada dos assaltos, dos altos, dos sobressaltos de uma história que não tem fio nem caminho e se desenrola ao sabor do ar e do vento e não é outra coisa senão esperança intermitente.
Cansada. Cansada de dar e ouvir e falar e dizer e sentir e ir e voltar e perceber e perdoar e de rever e repensar e de exultar e a seguir lamentar e depois voltar ao mesmo numa espiral crescente.
Cansada. Cansada de perder o Norte, de perder pé, de que tudo seja pensado e nada seja dito e assim se perca o diálogo, a capacidade de parar e ouvir, de tentar entender e respeitar num afastar latente.