Geada
Outubro 03, 2009
De onde quer que pousasse os olhos saltavam pequenos brilhos, frios e cintilantes.À luz parca da lua, a geada era magia, e onde quer que ela tocasse, tudo refulgia.Perto da casa, iluminada por um grande poste de luz esbranquiçada, toda a erva macia era um manto de prata que brilhava. Nunca sabia o que a trazia assim à rua.
Em pequena acreditava que era o feitiço da lua. Mas tinham passado muitos anos e ainda agora, a intervalos inconstantes, dava consigo descalça e meia nua, a olhar maravilhada para a dança interminável da geada e da lua. Não sentia o frio que se lhe entranhava nos pés, nas mãos, que lhe fazia sair da boca nuvens brancas de respiração. Não sentia o vento fresco que lhe gelava a cara e enrolava o cabelo. Nada disto era importante aparentemente e no entanto… algo a tinha trazido mais uma vez à rua.
O tumultuo no peito, o zumbido nos ouvidos, a confusão interior, tudo. Tudo parecia desvanecido. Havia apenas geada, e raios de luar que lhe soltava o brilho. Lembrou-se da encosta, do outro lado da colina, e da sua erva curta e macia descendo até ao riacho, em ondas plácidas de harmonia…
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