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Lazy Cat

No meu cérebro vive um caos sinfónico de ideias desordenadas. Num harém simbólico, todas concorrem -APENAS- pelo teu olhar deslumbrado...

Lazy Cat

No meu cérebro vive um caos sinfónico de ideias desordenadas. Num harém simbólico, todas concorrem -APENAS- pelo teu olhar deslumbrado...

Conto de Natal

Dezembro 14, 2007

Este conto começa por mão de mestre aqui.

 

Por iniciativa da menina Mnike.

 

Como se na velocidade encontrasse conforto ou resposta. Passou a mão pelo cabelo. Lembrou-se de ter descoberto recentemente algumas brancas. De lhe terem dito lhe davam charme. Charme…

 

A estrada sinuosa obrigou-o a abrandar, apercebeu-se da neve que caia devagar. Lembrou-se novamente da Teresa. Vinte anos. Uma decisão tomada de rompante. Pela lembrança de olhos brilhantes e cheiro a frutos silvestres naquela pele morena. Saiu do carro. Deixou que o frio se lhe entranhasse no corpo e na alma.

Não queria chegar muito cedo. Preferia que não o vissem ainda, que fossem os dela os primeiros olhos a ver os seus. Mesmo achando que tinha partido, que era demasiada esperança encontrá-la ali, sabia que se ia levantar cedo e percorrer mais uma vez aquele caminho. Por entre cerejeiras adormecidas e canteiros alvos.

 

A casa estava gelada. A porta ainda rangia exactamente da mesma maneira.

 

O calor da lareira enchia o ar. Trazia consigo cheiro a canela e a enchidos. A árvore resplandecia, coberta de luzes e bolas coloridas. Havia música, algures, vozes de crianças. Os gatos preguiçavam enroscados nos sofás, deitando um olhar distraído ao cão, que corria atrás da própria cauda, onde algum miúdo travesso tinha amarrado um guiso. As janelas estavam embaciadas, a mesa posta.

 

- Carlos! Finalmente! Já pensava que tínhamos de cear sem ti! Entra rapaz!

A casa afinal também é tua! Entra, vá! Despacha-te. A Teresa está na cozinha.

 

Deu um passo e entrou na grande casa escura e fria. Ninguém esperaria por ele neste Natal. Ninguém lhe saltaria mansamente para o colo, ninguém o cobriria de beijos. Apenas o esperava esta casa grande, escura e fria e a incerteza de um olhar quem sabe até distante, de alguém que ficou para trás quando resolveu seguir a vida…

 

Uma velha casa de montanha, coberta de neve e recheada de recordações pode ser um lugar muito vazio para ser procurarem razões….

 

Passo agora o testemunho a Zé Ceitil

 

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