summer's dream fragments
Abril 12, 2012
Trazia flores na mão, uma cesta de verga forrada, da qual saltava a ponta de um lenço que se abanava ao sol. Os óculos escuros assentes sobre o nariz não escondiam um sorriso aberto, feliz. As alpergatas coloridas faziam ranger a gravilha fina do caminho.
Os miúdos já quase desapareciam, passando pela vedação, caminhando no passo inquieto de quem tem pressa de chegar. Lá ao fundo via-se o mar. Azul, azul… e eles corriam quase, entre brincadeiras, ansiosos pelo mar.
Ela sorria, ao vê-los assim, felizes, descuidados, como só as crianças sabem ser, sorria ao sentir o sol reconfortante na pele e no rosto e ao sentir o aperto da proximidade… Estava quase a chegar. Que saudades!
Ele esperava por ela, a meio caminho. Sorriu também ao vê-la passar pelo portão, o cabelo nos olhos, a cesta em desalinho e as flores na mão. Ainda tinha o tornozelo enfeitado com fitas…
Era bonita a tradição das fitas. Não pensou que durassem tanto. Ela também era bonita.Fazia o caminho distraída, ausente, como parecia estar tantas vezes, mas sorridente. Os miúdos abrandaram quando o viram e ele mandou-os continuar.
Ouviu cantarolar uma música há muito esquecida. O coração bateu mais depressa, imerso na expectativa do reencontro breve. Alguém continuava a trautear a mesma canção…a mesma voz. Aquela voz!
E viu-o! Lindo! Um beijo atirado aninhou-se na ponta do coração enquanto as mãos se encontravam e os corpos se uniam num abraço eterno e em silêncio se desfaziam as distâncias, as horas longas, as noites frias e se soltava uma lágrima, de alegria.
Abriram espaço e duas cabeças saudosas e barulhentas completaram rapidamente o quadro risonho desta tarde de verão. E seguiram todos para a praia, os olhos banhados de alegria, ao ritmo da música do coração…
…light did bring you home… :-)