Raízes
Junho 07, 2012
Enquanto da sua boca se escapava um suspiro entrecortado, os seus lábios, onde vinham desaguar dois grossos rios de lágrimas,
esboçavam meio sorriso.
Como o tempo, o seu humor era instável, misto, cambiante. O dia ora generosamente quente ora francamente fresco e ventoso espelhava a desordem que sentia por dentro na perfeição, trazendo-lhe esta sintonia de modos de estar algum conforto.
Da janela via as árvores, sacudidas pelo vento, deixando cair uma ou outra folha, mas resistindo aos ataques constantes, à perfidia da mudança de direcção do vento, voltando a brilhar intendamente sob os raios quentes do sol para, novamente serem atacadas pelo vento, que talvez as julgasse agora mais indefesas.
Sorriu. Não é assim que as coisas funcionam na natureza, pensou. E naquele momento desejou ser árvore...