Um-dia
Janeiro 10, 2008
Um dia encontrarei o caminho que me leve à porta do meu destino. A uma porta encarnada, de madeira, numa casa branca e caiada, banhada pelo mar, inundada pelo sol. Protegida dos ventos pelo calor que se faz lá dentro.
Um dia hei-de saber de cor cada ranger de cada degrau, que desce da minha varanda à beira do teu quintal. Do meu jardim saberás as cores, os aromas e texturas e do teu pomar provarei fruta, uma verde outra madura.
Um dias as estações já não terão o que as defina, serás tu o meu sol, eu a tua chuva fina. Faremos o nosso tempo, de tempestades e acalmias, de luares partilhados e de enganar as manhãs frias.
Um dia na lareira, onde se agigantava o lume, dormirão pequenas brasas. Aninhadas entre cinzas que se penteiam ao acordar com ar de quem se deita sem nunca descansar. Mas sorriem cumplicidades, e salpicam alegria, espuma na orla do mar, em hora de maré vazia.
Um dia de tanto andar, hei-de voltar ao meu caminho, à brisa fresca do mar, ao ritmo que me marca o destino. Das horas perderei noção, não por preguiça ou esquecimento, mas do teu amor farei relógio, do nosso canção solta no vento…
Um dia da palavra amor, não saberei uma letra sequer, mas saberei o teu rosto, o teu sorriso, o teu querer. E saberás tirar de mim, notas vibrantes de som nenhum. Na casa de muros brancos, cuja porta range um pouco, seremos amigos amantes, um tanto sábios e algo loucos…